Nas conversas entre professores e até mesmo entre alunos, é comum ouvir sobre a dificuldade de aprendizado dos estudantes de várias faixas etárias.
Uma das metodologias do século XXI, que surge como uma tentativa de diversificação do ensino, é a sala de aula invertida (Flipped Classroom), conceituada pelos pesquisadores americanos Maureen Lage, Glenn Platt e Michael Treglia.
Inicialmente, os pesquisadores perceberam que o uso das novas tecnologias multimídia possibilitava a apropriação de conteúdo pelo aluno em casa, ou em entornos coletivos, criando novas práticas e rotinas, que antes estavam restritas apenas ao ambiente escolar, criando então uma inversão no aprendizado.
De acordo com este método, a sala de aula passa a ser não mais o ambiente da simples compreensão dos conteúdos em aulas expositivas, mas é transformada, com o foco em resultados obtidos em discussões, projetos e experimentos, para a construção de um ensino colaborativo e com acesso igualitário, em trabalhos em grupo, sem estimular a extrema competitividade que é encontrada muitas vezes no mercado de trabalho e traz danos às relações profissionais e até entre estudantes, no ambiente escolar.
Na investigação sobre o novo método, os pesquisadores identificaram diferentes tipos de alunos: os dependentes, os colaborativos e os independentes, de acordo com os diferentes tipos de personalidade. E, em relação à forma de relacionamento com o mundo, a categorização definiu os introvertidos e os extrovertidos.
Também foi levado em conta o processo de apropriação de informações (sensitivo, intuitivo), a tomada de decisões (pensativa-sentimental) e a avaliação do ambiente (percebendo-julgando). A partir destes processos de apropriação do conhecimento, foi possível classificar os estudantes em assimiladores, convergentes, divergentes e acomodadores. A diferença é que os convergentes adquirem conhecimento a partir de uma experiência ativa, e os divergentes tendem a refletir e a observar mais durante a apropriação de conhecimento.
A aplicação da sala de aula invertida requer classes menores no ensino, porque em grupos menores a interação é facilitada nas discussões e projetos, embora seja possível a adaptação para grupos maiores. Outro desafio é como estimular as crianças, adolescentes e jovens a criarem uma rotina de estudos em casa, com a apropriação de conteúdos em textos, vídeos e áudios e que serão discutidos durante a aula.
A disrupção tecnológica vivenciada nos últimos anos, que barateia os preços de equipamentos, possibilita o acesso de mais estudantes às novas tecnologias, e facilita a aquisição e utilização de inovações nas escolas. Muitos estudantes têm uma relação orgânica e fortemente afetiva com seus celulares, o que sinaliza a possibilidade de utilização do aparelho como dispositivo de apropriação de conteúdos escolares, adaptados à usabilidade do celular.
O crescimento exponencial do conhecimento na internet, com a aplicação da inteligência coletiva, de Pierre Levy, na web colaborativa 2.0, um conceito de Tim O’Reilly, enriquece a experiência de apropriação de conhecimento, seja em fóruns virtuais da escola, comunidades sobre temas, seja na produção de conteúdos e plataformas colaborativas de alunos e professores, para a construção do conhecimento na rede.
Prof.ª Sandra Regina Silva
Jornalista e mestra em Mídia e Tecnologia - linha de pesquisa Gestão Midiática e Tecnológica, pela UNESP.
Professora no curso de Publicidade e Propaganda da UniSALESIANO Lins.
Endereço para acessar este CV:
http://lattes.cnpq.br/747198695400023