Adaptar e praticar as novas metodologias de ensino, de acordo com a realidade social de cada escola, é um desafio para os professores. A pedagogia problematizadora proposta pelo educador Paulo Freire, centrada na interação entre o professor e o aluno, a partir de uma realidade local, estimula o aluno a aprender e a apropriar-se do conhecimento, observando sua própria vivência cotidiana.
Para Paulo Freire, o que impulsiona o aprendizado é a superação de desafios, a solução de problemas e a construção de conhecimentos, a partir de experiências anteriores de cada aluno.
Uma reportagem da revista Educação associa a metodologia de Freire à aplicação do método Aprendizagem Baseada em Problemas, criando uma ambiência em que os estudantes não recebem os problemas e questões para serem solucionados, mas são desafiados a observarem a própria realidade, na busca de soluções para problemáticas cotidianas, percebidas pelo grupo. O resultado é a criação de novas experiências interdisciplinares, em uma constante relação entre teoria e prática.
A Aprendizagem por Projetos associa as modalidades de ensino e pesquisa. Esta metodologia vem sendo implantada no Ensino Fundamental, com a abordagem de temas transversais, de acordo com as considerações da doutora em educação pela USP, Neusi Aparecida Navas Berbel, em um artigo acadêmico.
A pesquisadora explica que o aluno busca informações, lê, faz entrevistas, anota dados, faz gráficos, cria questionários. De acordo com a pesquisadora, o projeto tem quatro fases: a intenção; a preparação, com a busca de ferramentas e instrumentos necessários para a realização do projeto; a execução e a avaliação dos resultados.
Nas práticas brevemente descritas acima, o professor deixa de ser o centro da aula e o conhecimento, que antes era uma apropriação obtida apenas em aulas expositivas, passa a ser ativo, com troca de informações entre os estudantes e o professor, em grupos de discussão, estudos e projetos, numa prática da autonomia das crianças e dos adolescentes.
O professor deixa de ser detentor único do conhecimento e passa a ser um facilitador das pesquisas do estudantes, colaborando para a construção do conhecimento colaborativo. As novas metodologias não são a negação da teoria, mas a aplicação do conhecimento para a solução de problemas e para o desenvolvimento de projetos, aproximando a escola da realidade social dos estudantes.
De acordo com a pesquisadora Berbel, os professores participantes dessas práticas ouvem mais os alunos, permitem que eles lidem de forma mais pessoal com ideias e materiais, perguntam aos estudantes o que eles querem, respondem aos questionamentos e exercitam a empatia em relação às considerações feitas pelos alunos. Estes professores também encorajam mais as iniciativas, com atitudes de comunicação não controladoras.
O resultado do exercício da maior autonomia dos estudantes é o crescimento da motivação, engajamento, desenvolvimento dos estudantes, aprendizagem e melhoria no desempenho escolar. A geração de nativos digitais quer interagir, colaborar, compartilhar. Com isso, essas metodologias ativas podem ser mais adequadas para o aprendizado, na comparação como ensino expositivo tradicional das salas de aula.
Prof.ª Sandra Regina Silva
Jornalista e mestra em Mídia e Tecnologia - linha de pesquisa Gestão Midiática e Tecnológica, pela UNESP.
Professora no curso de Publicidade e Propaganda da UniSALESIANO Lins.
Endereço para acessar este CV:
http://lattes.cnpq.br/747198695400023
Frase da Semana
“Nós nos tornamos nós mesmos através dos outros”
Lev Vygostky