A PRÁTICA DO BEM VIVER E A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA

   
O Bem Viver tem sua origem com os povos indígenas do Equador e da Bolívia, que vivem em comunidade, em harmonia com a natureza e com a história, em experiências ressignificadas do viver e do saber conviver.
Este é um modo de vida bastante distante do consumismo e das grandes cidades. É um tipo de resistência dos povos indígenas ao capitalismo americano e uma alternativa ético-política e de respeito à diversidade cultural. Para os pesquisadores, o Bem Viver é conviver e saber conviver.
A forma de vida diferenciada é uma inspiração para a construção da inclusão social na escola e na sociedade contemporânea na América Latina, com um pensamento a partir do Sul, em um processo de descolonização da região.
A inclusão social na escola deve ser compreendida como a igualdade de oportunidades para diferentes estudantes, trabalhando as singularidades de cada grupo, potencializando suas habilidades e competências.
A ressignificação do saber conviver é uma oportunidade de combate ao bullying e um estímulo à autoaceitação. Crianças e adolescentes com obesidade ou que têm famílias com menor renda, adolescentes homossexuais, transexuais, afro-brasileiros, meninas, estudantes com necessidades especiais, entre outros, precisam sentir que fazem parte da escola e não estão apenas integrados ao ambiente, a partir de uma formalização do contrato escolar.
A construção da escola inclusiva requer, no entanto, investimentos em mobilidade física para dar acesso aos estudantes com necessidades especiais; a capacitação de professores para a prática do saber conviver; a criação de material didático que estimule a diversidade social e o empoderamento dos diversos grupos raciais e sexuais da escola, combatendo o preconceito, a homofobia e o machismo.
Esta iniciativa também possibilita o acesso de estudantes de menor renda, com a oferta de bolsas integrais e parciais, transformando a educação em um motor social e de mudança do indivíduo, oprimido em uma sociedade capitalista e desigual. A prática de concessão de bolsas escolares restritas aos melhores alunos infelizmente não contempla a necessidade de diferentes grupos sociais. Na experiência nacional, o sistema de cotas para afro-brasileiros e índios implantado no ensino superior é bem-sucedido e garante acesso aos que não teriam iguais oportunidades para concorrer a uma vaga na universidade. A inclusão social é também uma política pública de garantia de acesso aos serviços e direitos básicos a todos os cidadãos.
Vale dizer que a educação voltada para a inclusão social carrega a diversidade em sua essência, garantindo aos estudantes o direito de escolherem o caminho que desejarem seguir, sendo capacitados para isso. É necessário empoderar com igualdade de oportunidades, por meio da apropriação de conhecimentos teóricos, experimentos, projetos colaborativos e práticas sociais na escola.
O ensino colaborativo desenvolvido em grupos heterogêneos de estudantes contribui para a experiência de vivência dos alunos sobre o respeito às diferenças na sociedade. E o estímulo à sororidade, a amizade solidária entre as meninas, fortalece os vínculos pessoais na escola, tornando as estudantes mais fortes para as vivências na fase adulta.
   
Prof.ª Sandra Regina Silva
Jornalista e mestra em Mídia e Tecnologia - linha de pesquisa Gestão Midiática e Tecnológica, pela UNESP.
Professora no curso de Publicidade e Propaganda da UniSALESIANO Lins.
Endereço para acessar este CV:
http://lattes.cnpq.br/747198695400023

Frase da Semana

“Nós nos tornamos nós mesmos através dos outros”

Lev Vygostky